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Doenças causadas por estresse na infância

Uma observação atenta revela como são freqüentes os casos de doenças geradas por estresse na infância. Isso passa despercebido, porque existe o conceito generalizado de que os problemas emocionais só podem causar males físicos em situações especiais. As pesquisas atuais, entretanto, cada vez mais indicam que a verdade dos fatos não é essa e que um número inimaginável de distúrbios se instala por causas de fundo emocional ou psicológico.

A designação doenças psicossomáticas é, aliás, uma generalização sem cabimento. Primeiro, porque ninguém sabe ainda até que ponto tudo o que se passa nas pessoas nas esferas mental e emocional pode afetar o funcionamento das células; talvez seja muito mais do que a medicina alopática aceita que seja ou até pode ser que as doenças sejam a expressão final de um encadeamento de fatos ocorridos em níveis sutis.Como diz a Dra. Christine Page, autora do livro Anatomia da Cura: “Não existe uma causa única e todo caso tem que ser considerado singular (…) A doença é somente outra manifestação da vida representando uma época de mudança e oportunidades de crescimento da alma”.

Em segundo lugar, porque as coisas dependem do momento de vida de cada um. Algo que pode ser patogênico para uma pessoa para outra é um fato comum. Os efeitos do que acontece dependem da interpretação individual e isso varia de pessoa para pessoa. Além disso, a maioria dos fatores de desequilíbrio está no nível inconsciente, que perfaz pelo menos 95% da nossa vida mental. Então, o que existe são ocorrências psicossomáticas em vez de doenças psicossomáticas caracterizadas.

Incapacidade para neutralizar tensões

A infância é o período da vida em que as pessoas sentem mais intensamente os agentes estressores por não possuírem ainda capacidade de fazerem opções para neutralizar as tensões e por serem inteiramente dependentes dos adultos que as cercam. Geralmente, esses adultos são poderosos agentes de tensões dos mais diversos tipos. A criança, porém, tem mecanismos inconscientes de adaptação muito poderosos, que garantem sua sobrevivência em meios familiares esquizofrenizantes.

As dificuldades materiais e interpessoais da família deixam sua marca no inconsciente da criança sob a forma de cargas emocionais negativas, que influirão por muitos anos ou por toda a vida e serão a causa-raiz de doenças futuras. Muitas vezes, esses fatos se manifestam em prazo muito curto e se apresentam como doenças na infância de origem misteriosa ou desconhecida.

Casos clínicos

Uma menina de 5 anos atravessou período de incerteza, quando seu pai teve que ausentar-se de casa por muito tempo devido a questões profissionais. Nessa época, surgiram manchas brancas na pele, que caracterizaram um quadro de vitiligo. A dúvida, a insegurança ou o medo pela ausência do pai provavelmente foi refletido na pele sob a forma de perda de pigmento. O fato de o afastamento do pai ser temporário não tinha significado para a criança, porque criança não tem essa perspectiva de futuro, que garante que um fato está limitado no tempo.

Caso semelhante passou-se com um menino de 2 anos de idade, que era adotado, quando a mãe teve de estar ausente da casa por uma semana em virtude de uma viagem; começou a ter queda de cabelos em áreas, um quadro comum chamado alopecia areata. A maior parte dos casos dessa dermatose é antecedida de eventos emocionais significativos e não foi ainda demonstrada nenhuma causa material para seu surgimento. A maior parte dos casos regride com o tratamento, sendo, porém, comum a recidiva futura. Em algumas pessoas, o distúrbio progride até cairem todos os cabelos e pêlos do corpo.

Foi assim com uma menina de 3 anos de idade. Ela também teve queda de cabelos em áreas no início, que atingiu todos os pêlos do corpo. Na época da consulta, tinha recuperado os supercílios e os cílios apenas. A mãe informou que a criança era muito impaciente e disputava a atenção dos pais com um irmão. O nascimento de irmão geralmente se configura como uma situação de perda de poder e, se não for bem resolvida, pode dar origem a situações de tensão bastante significativas.

Uma menina de 4 anos de idade apresentou manchas brancas nas pálpebras e em torno da boca, quando a mãe foi morar em outra cidade. Ela não queria sair de onde morava e foi contrariada. Na nova cidade foi colocada numa creche, onde era mal tratada. Em seguida, passou a ser cuidada por uma tia, porque a mãe, que era solteira, arranjou um namorado e passou a sair muito, dormir fora de casa e viajar. Sentiu-se triste e abandonada. Logo apareceram as manchas de vitiligo.

Outra menina, de 8 anos, teve mancha branca na região inguinal, que aumentou de tamanho e foi seguida de outras manchas nas mãos e pés. Outro caso de vitiligo. O início se deu poucas semanas após ser abusada sexualmente em casa, fato muito mais comum do que se imagina e que causa graves conseqüências psicológicas, emocionais e comportamentais.

Incidência

Se os médicos fossem treinados para valorizar as situações de estresse vividas pelos pacientes e não as relegassem a plano secundário, verificariam que a incidência de doenças relacionadas às tensões da vida é muitíssimo elevada. Não há, ainda, meios de comprovar fisicamente a ligação entre um fato e outro, mas os indícios mostram que há algum nexo entre ambos.

Nessas situações, o tratamento físico faz uma parte. É preciso cuidar também da parte emocional para poder eliminar o transtorno em profundidade. A não ser assim, ele se manterá ou retornará da mesma forma ou de outra.

Colaboração: Dr. Roberto Azambuja – Dermatologista Sócio Titular da SBD

 

Dr. Roberto Barbosa Lima

Médico Dermatologista

Especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.

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