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O uso de antidepressivos nas dermatoses

Os seres humanos são constituídos de vários corpos, diferentes apenas na freqüência vibratória, que coexistem no mesmo espaço e se interpenetram e se interinfluenciam numa convivência holística: corpos físico, emocional, mental, espiritual. Assim, toda alteração da saúde física inclui os outros componentes: o humor, os pensamentos, as emoções, o equilíbrio em geral.

As doenças da pele, por atingirem o órgão de relação com o mundo, provocam estados emocionais de tristeza, perda da auto-estima, vergonha, desgosto, infelicidade e pensamentos de rejeição, repelência e inutilidade.

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Condições psicológicas e psiquiátricas também se associam a certas dermatoses. Pelo menos 25 a 33% dos pacientes dermatológicos têm antecedentes psiquiátricos e fatores psicossociais associados à doença da pele, conforme citam Madhulika A. Gupta e Aditya K Gupta, psiquiatra e dermatologista em artigo publicado no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, em 2001.

Simplificadamente, podem ser considerados dois tipos de doenças psicocutâneas: dermatoses associadas a distúrbios psiquiátricos e alterações psicológicas secundárias a doenças dermatológicas. Os estados psiquiátricos de ocorrência mais comum nas dermatoses são a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo, o transtorno dismórfico corporal, a fobia social e o estresse pós-traumático. Em todos eles o uso de medicamentos antidepressivos pode ser valioso para a evolução da dermatose.

Dermatoses associadas a distúrbios psiquiátricos

Depressão é caracterizada por um ou mais episódios de baixa disposição, desesperança, humor deprimido, falta de interesse ou prazer, falta de energia. É comum a ocorrência de sensação de queimação ou dor no couro cabeludo ou na língua, sensação localizada de dor na pele sem alteração da textura cutânea ou prurido (coceira) generalizado sem alteração cutânea. A gravidade do prurido que se observa na psoríase, na urticária crônica de origem desconhecida, na dermatite atópica pode estar correlacionada com um estado depressivo.

Transtorno obsessivo-compulsivo manifesta-se por necessidade irrecorrível de realizar comportamentos repetitivos ou por pensamentos persistentes e recorrentes. Quando voltado para a pele, leva o paciente a produzir arranhões, escoriações e feridas (escoriações psicogênicas) ou a arrancar cabelos, supercílios ou cílios (tricotilomania).

Transtorno dismórfico corporal ou dismorfofobia é a fixação em algum defeito imaginário do corpo ou o aumento irracional de algum aspecto corporal anormal como acne, cicatriz, marcas da pele, aspecto do cabelo, pelos faciais, assimetria facial, formato ou tamanho do nariz. Isso leva a pessoa a aplicação de maquiagem extremamente pormenorizada, penteação excessiva dos cabelos, permanência demorada e repetida diante do espelho.

Fobia social é o medo de situações em que a pessoa possa estar exposta a olhares de desconhecidos ou que possa ser julgada por gente que não lhe é familiar. Ocorre a antecipação de fracasso, humilhação ou embaraço. Acompanha dermatoses desfigurantes ou que alteram o aspecto normal da pele e sejam visíveis pelos outros, como psoríase, vitiligo, melasma, alopecia areata.

Estresse pós-traumático é a revivescência de situação extremamente traumática vivida pela pessoa anteriormente, como acidente em meio de transporte, catástrofe natural, abuso verbal, emocional ou sexual, assalto. Manifesta-se por pensamentos repetitivos, visões do fato, sonhos, sintomas físicos. O estado de tensão pode levar a escoriações compulsivas, a dermatite artificialmente produzida ou a arrancamento de cabelos ou pêlos e pode estar na origem de psoríase, vitiligo e urticária.

Antidepressivos tricíclicos, como clomipramina, amitriptilina, doxepina, imipramina ou inibidores seletivos de recaptação da serotonina, como fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram aplicados junto com os cuidados cutâneos podem, em muitos casos, dar uma ajuda decisiva no controle da dermatose.

Alterações psicológicas secundárias a doenças dermatológicas

A maioria das dermatoses que se localizam em áreas expostas e que chamam a atenção das pessoas provoca modificações no humor dos seus portadores. Rosácea, lupus eritematoso, hanseníase, dermatite seborréica, acne, hirsutismo, alopécia areata, melasma, disidrose, hiperidrose axilar e palmar, dermatite atópica, urticária e principalmente psoríase e vitiligo são doenças que afetam o psiquismo dos pacientes.

Inconformidade e tristeza, que conduzem a tentativas de evitar situações de exposição pública, busca de isolamento e fuga a contatos sociais são gerados por essas dermatoses. Traços depressivos podem ser vivenciados pelos pacientes, que se tornam arredios e voltados para seus diálogos internos. Dependendo da condição mental do paciente, pode haver distúrbio da ansiedade, como agorafobia e ataques de pânico e até idéias de auto-aniquilamento. Esse estado cria ansiedade e tensão, que diminuem as funções imunitárias e contribuem para o agravamento do quadro clínico.

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A utilização de antidepressivos pode ser benéfica na medida em que corrige um estado mental agravador da condição geral. Antes de sua aplicação, porém, é necessário estabelecer o distúrbio de base do paciente. O melhor enfoque para esses casos é a integração de vários tratamentos e inclui psicoterapia, terapia de grupo, técnicas de redução do estresse, hipnoterapia, reprogramação mental e psicofarmacologia com antidepressivos.

Outras aplicações dos antidepressivos

Há certo número de dermatoses nas quais se usam os antidepressivos por outros efeitos que não relacionados com sua ação principal. São efeitos diretos sobre a pele, que auxiliam no tratamento dessas dermatoses. Podem estar ligados a distúrbios psiquiátricos ou não.

É o caso do emprego de amitriptilina na neuralgia pós-herpética e para alívio da dor da neuropatia diabética. Também a doxepina é útil na urticária crônica idiopática e na urticária ao frio. Pode-se usar, ainda, creme de doxepina a 5% para o prurido da dermatite atópica.

Colaboração: Dr. Roberto Azambuja – Dermatologista Sócio Titular da SBD

Dr. Roberto Barbosa Lima

Médico Dermatologista

Especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.

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